"Dentre todos os povos inteligentes que habitam este mundo, vocês são os mais fracos. Já pensaram sobre isso? Com exceção dos guerreiros, os humanos não têm magia. Vivem pouco, esquecem a própria história em questão de décadas, morrem e se matam pelos motivos mais banais. Habitando esse mundo entre os poderosos espíritos dos elementos, sílfios, vísios, feiticeiros e espectros, as pessoas seriam apenas moscas incovenientes, totalmente insignificantes para os outros... Não fossem pelos seus animae."
Paola Siviero está de volta, mas dessa vez a autora de O Auto da Maga Josefa optou por nos trazer uma narrativa bem diferente das aventuras retratadas em sua primeira publicação.
A lenda da caixa das almas é uma fantasia urbana e, em alguns momentos, um tiquinho sombria.
No centro da trama está Theo, um garoto de dezesseis anos que carrega consigo uma grande perda: quatro anos antes, seu irmão gêmeo, Otto, sumiu na floresta enquanto os dois caçavam e nunca reapareceu. A vida seguiu, mas as coisas nunca mais foram as mesmas. Afinal, apesar de gêmeos, Otto sempre fora o mais habilidoso, o mais esperto e Theo o admirava e via nele um modelo a ser seguido. Os dois eram melhores amigos e companheiros em tudo que faziam.
Agora, porém, o rapaz precisa seguir seu próprio caminho e de uma maneira mais radical do que ele jamais imaginara. Após selar seu destino com o seu anima - uma ligação intima e profunda a um animal que durará por toda a vida - Theo é convocado pelo Clã dos Guerreiros, que exige que ele abandone sua antiga vida e passe a lutar contra criaturas malignas que vagam pelo mundo sem o conhecimento daqueles que carecem de habilidades mágicas.
A lenda da caixa das almas foi uma história que levou meu lado "tenho uma teoria" ao máximo. Eu criava mil teorias sobre o plot e os personagens e as modificava antes mesmo de saber se as anteriores estavam ou não corretas. Desconfiei de todos os personagens e nem aqueles que morriam estavam livres das minhas conspirações. Em resumo: foi o máximo. Eu quase explodi minha cabeça, mas super valeu a pena!
Paola Siviero também não se segurou nas histórias dentro do universo. Relatos de antigos guerreiros e as guerras que enfrentaram, lendas, crenças, folclores, tudo isso foi detalhado e esse é outro ponto que eu preciso exaltar na minha resenha porque nada me agrada mais do que me sentir como um dos personagens, descobrindo sobre o passado e tentando diferenciar o que foi real das histórias inventadas para assustar criancinhas.
O sistema de magia, nesse primeiro livro, é focado nos animais que estão ligados aos seus guerreiros, bem como nas runas, utilizadas para diferentes propósitos, mas a aparição de outros seres mágicos ao longo da trama deu um indício de que há um potencial a ser explorado. Terra, água, ar, fogo e a alma em si é o que alimenta a magia nessa fantasia.
Com um elenco majoritariamente adolescente e jovem adulto, Siviero fala sobre família, amigos, primeiros amores, mudanças, luto e sensações de não pertencimento enquanto os personagens precisam aprender a controlar suas habilidades mágicas para ajudar os mais experientes na luta contra criaturas que ameaçam a vida deles e daqueles que amam.
A escrita da autora faz o livro acabar rápido demais e o carisma dos personagens e dos seus animae conquista qualquer um – o tempo inteiro eu ficava indo perturbar a Paola para perguntar se ela não ia matar nenhum dos meus favoritos.
Apesar de uma ressalva que tenho em relação a maneira como alguns plot twists foram conduzidos, A lenda da caixa das almas foi uma fantasia que me conquistou e me prendeu do início ao fim. Mais um sucesso da maravilhosa Paola Siviero que, eu não tenho dúvidas, vocês também vão amar!
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